IInformação sobre lúpus, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento do lúpus, assim como formas de prevenção de surto de lúpus.


Micofenolato de mofetila no tratamento do lúpus Cutâneo

Não há estudos controlados por placebo que dêem suporte ao uso do micofenolato de mofetila (MMF) como droga de primeira linha para o tratamento do Lúpus eritematoso cutâneo.
Alguns relatos de caso mostraram bons resultados com o uso de micofenolato no tratamento das lesões cutâneas do lúpus não-responsivas ao tratamento com antimaláricos e outros agentes imunossupressores.
Estudos mais recentes têm demonstrado resposta clínica satisfatória na regressão das lesões cutâneas com o uso do MMF.
Os efeitos adversos do MMF incluem: intolerância gastrintestinal (principalmente diarréia), leucopenia e infecções. É recomendado o ajuste da dose em pacientes com insuficiência renal e seu uso é desaconselhado durante a gestação.
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Leflunomida no tratamento do lúpus Cutâneo

A leflunomida é um derivado isoxazólico, aprovado para o tratamento da artrite reumatóide, que inibe a síntese das pirimidinas, portanto, com propriedades antiinflamatórias.
A droga apresenta extensiva recirculação enteroepática e é fortemente ligada a proteínas plasmáticas. Alguns estudos não controlados sugerem eficácia com doses padronizadas. para artrite reumatóide, mas grandes ensaios com placebo são necessários para melhor compreensão do papel deste medicamento no lúpus eritematoso sistêmico, particularmente, nas manifestações cutâneas.
Relatos de caso ou de séries de casos têm demonstrado que pacientes usuários do leflunomida podem induzir ou exacerbar o lúpus cutâneo subagudo. A causa de tal fenômeno é ainda desconhecida, embora seja sugerido que a inibição do fator de necrose tumoral, provocada pela leflunomida, esteja envolvida no mecanismo etiopatogênico.
A dapsona (diaminodifenilsulfona) é ocasionalmente usada, tendo a sua melhor indicação nas lesões vesículobolhosas. Alguns estudos envolvendo pacientes com lesões cutâneas refratárias à cloroquina obtiveram resultados favoráveis ao uso da dapsona. Uma revisão avaliou a efetividade da dapsona no lúpus profundo. Esse medicamento requer monitorização freqüente em razão de sua toxicidade hematológica, renal e hepática.

Azatioprina no tratamento do lúpus Cutâneo

A azatioprina pode ser útil em várias formas de lúpus eritematoso cutâneo, incluindo o lúpus eritematoso discóide.
Há um relato de caso na literatura em que a azatioprina foi empregada no tratamento de seis pacientes com lúpus eritematoso cutâneo (quatro com lúpus eritematoso cutâneo subagudo e dois com lúpus eritematoso cutâneo discóide) e em seis pacientes com vasculite leucocitoclástica cutânea crônica. Todos os pacientes eram refratários ao tratamento convencional e necessitaram do uso de corticosteróide oral por tempo prolongado para controle da doença. Entre os pacientes com lúpus eritematoso cutâneo, três apresentaram boa resposta, com melhora quase completa das lesões de pele, permitindo a redução da dose da prednisona. Um dos pacientes teve melhora inicial, mas desenvolveu pancreatite. O tratamento falhou em dois pacientes (um teve náusea e o outro teve febre). Dos pacientes com vasculite leucocitoclástica, cinco apresentaram melhora.
Reações adversas associadas ao uso da azatioprina incluem intolerância gastrintestinal, toxicidade da medula óssea, aumento da suscetibilidade a infecções, hepatite aguda e pancreatite.

Retinóides no tratamento do lúpus Cutâneo

Os retinóides sintéticos isotretinoína e acitretina são conhecidos como drogas de segunda linha para tratamento sistêmico do lúpus eritematoso cutâneo (LEC),
sendo opção quando há falha no uso de antimaláricos. Os retinóides têm sido empregados com sucesso em casos de LEC subagudo e crônico, em doses que variam de 0,5 a 1 mg/kg/dia, sendo particularmente úteis em casos de lúpus discóide.
Um estudo aberto relatou tratamento com isotretinoína em pacientes com lúpus eritematoso cutâneo subagudo e crônico. Houve melhora clínica e histológica das lesões de pele, porquanto as melhores respostas foram vistas em pacientes com lúpus eritematoso cutâneo crônico. A tolerância à droga foi boa.
Outro estudo de curta duração, randomizado, envolvendo 58 pacientes com lúpus eritematoso discóide, comparou o uso de acitretina com hidroxicloroquina. Melhora clínica foi observada em cerca de 50% dos pacientes de ambos os grupos, mas os efeitos adversos foram mais freqüentes e mais graves no grupo acitretina.
O uso a longo prazo de retinóides é freqüentemente limitado pelos efeitos colaterais potenciais, que requerem monitorização e incluem: hepatite medicamentosa, hipertrigliceridemia, secura cutânea e de mucosas, alterações
ósseas consistentes com hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH) e teratogenicidade, sendo obrigatório o uso de métodos contraceptivos. Além disso, é aconselhável o uso cuidadoso de protetores solares, já que os retinóides podem agravar a fotossensibilidade.

Antimaláricos no tratamento do lúpus Cutâneo

Os primeiros estudos clínicos demonstrando a eficácia do tratamento do lúpus eritematoso foram descritos no tratamento do lúpus discóide, utilizando empiricamente a quinina e a quinacrina. Desde então, não obstante virem sendo utilizados para o tratamento de outras manifestações clínicas do lúpus eritematoso sistêmico, seu papel proeminente é na melhor resposta terapêutica das manifestações cutâneas, especialmente no lúpus discóide.
Nos pacientes resistentes à monoterapia, foi previamente relatada em alguns estudos boa resposta à terapia com combinação de antimaláricos.
Os antimaláricos mais estudados e utilizados são a hidroxicloroquina, a quinacrina e o difosfato de cloroquina.
A maior precaução com o seu uso deve ser quanto a sua toxidade retiniana.
A cloroquina parece ser menos eficaz em indivíduos fumantes.

Corticosteróides no tratamento do lúpus Cutâneo

Corticóides tópicos
O tratamento local é usado para lesões isoladas ou refratárias e atualmente tem-se diversas preparações disponíveis.
Os corticosteróides (CE) podem ser divididos em fluorados e não-fluorados e podem ser de baixa, média e alta potências. A maioria dos corticosteróides não-fluorados inclui a hidrocortisona. Apesar de serem mais baratos, eles são menos potentes do que os fluorados, os quais produzem mais efeitos colaterais, como atrofias, despigmentações, estrias, telangectasias, acne, foliculites e superinfecção por Cândida; conseqüentemente, não devem ser usados por mais de duas semanas. A betametasona e o clobetasol, particularmente, são bastante efetivos especialmente em associação com antimaláricos. Pomadas geralmente são mais efetivas que cremes, géis ou loções. Há, também, preparações na forma de patches que permitem melhor absorção dos corticosteróides de alta potência com menos irritação.
As lesões mais crônicas respondem pobremente à terapia com corticosteróides tópico.

Corticóides sistêmicos
Pacientes com doença sistêmica grave associada ao quadro cutâneo necessitam de tratamento com corticosteróides, podendo ser utilizada a prednisona oral ou a pulsoterapia com metilprednisolona.
Entretanto, na ausência de doença sistêmica e por causa de seus efeitos colaterais potenciais, é preferível o uso de antimaláricos, retinóides ou imunossupressores nos casos de lesões cutâneas eritematosas ou discóides mais persistentes, que requerem altas doses de corticosteróides, ou lesões que recorram ao se diminuir a dose destes.

Lúpus e gravidez

A gravidez e o período pós-parto podem precipitar um surto de Lúpus, mas na maioria dos casos estes decorrem sem problemas. Uma doente com Lúpus e grávida deve discutir com o seu médico assistente os possíveis riscos que correrá durante estes períodos e tentar cumprir as recomendações que o médico lhe indique. A gravidez deve ser planeada e devem recorrer a uma consulta pré-concepcional com um médico obstetra habituado a acompanhar estas doentes.
Alguns medicamentos usados no tratamento do Lúpus não podem ser usados durante a gravidez, o que torna a consulta com o médico assistente muito importante, quando a mulher está a programar engravidar ou mal saiba que está grávida.
Sempre que for possível planear a gravidez, esta deve ocorrer num período de inactividade da doença.
Algumas doentes com Lúpus, sobretudo quando coexiste Síndrome Antifosfolípido podem ter alguma dificuldade em engravidar, mas hoje em dia há formas de minorar este problema.

Lúpus e exposição solar

Mais que qualquer medicamento, evitar a exposição aos raios ultravioleta (solares ou artificiais) é de extrema importância (tanto directa como indirectamente) para controlo da doença do lúpus. A exposição solar pode precipitar surtos na pele mas também pode precipitar surtos nos outros órgãos (como o rim, os pulmões, …).
O uso de protectores solares (com factores de protecção acima de 15) em todas as actividades ao ar livre, sobretudo durante o Verão, mas mesmo durante o Inverno nas áreas expostas é fundamental. Evitar as horas de maior exposição solar durante o Verão e o uso de vestuário adequado (mangas compridas mesmo no Verão, chapéus de abas largas, roupa de cores claras, …), também pode ser crucial.

Lúpus e dieta associada como terapêutica não farmacológica

A dieta pode ser um factor determinante para controlo da doença do lúpus, sobretudo quando existe atingimento do rim. Nessas situações é importante diminuir o conteúdo de proteínas (presentes na carne, peixe, clara de ovo, leite e derivados) e de sal (sobretudo quando existe pressão arterial elevada e/ou retenção de líquidos).
Os doentes tratados por longos períodos com corticóides também devem ter uma atenção especial em relação ao cálcio e à vitamina D, isto é, devem privilegiar alimentos com leite ou derivados. O resto dos doentes com Lúpus devem seguir as normas dietéticas que existem para a população em geral, nomeadamente uma dieta variada, equilibrada e saudável com abundantes vegetais, poucas gorduras, …

Exercicio e repouso para portadores de Lúpus

Um adequado equilíbrio entre exercício e repouso é imprescindível para um bom controlo da doença.
Durante os surtos, o repouso (físico e intelectual) deve ser privilegiado.
Deve ser assegurado um bom repouso/sono nocturno e períodos de repouso/sono/relaxamento durante o dia. Embora não seja habitualmente necessário abdicar das suas actividades habituais (à excepção de actividades muito cansativas), por vezes é necessário diminuir o nº de horas de trabalho e é aconselhável pedir maior ajuda à família nas tarefas domésticas.
Durante os períodos de remissão é importante manter algum tipo de actividade física adequada (durante os surtos também, ainda que muito mais suave), para evitar a rigidez articular, a osteoporose, a fraqueza muscular e a fadiga (e para melhorar a função do sistema imune e o bem estar mental!). A fisioterapia e o exercício aeróbio adequado (sobretudo em água) ajudam a relaxar e a manter a função dos músculos e articulações. A fisioterapia (com o uso do calor e frio) também pode diminuir a inflamação.
A privação de sono sistemática pode precipitar um surto.

Lúpus e stress

Evitar o stress tem também um papel primordial no controlo dos sintomas do Lúpus. É importante ajustar o horário laboral de modo a ser o menos “stressante” possível. Nos períodos da vida em que o stress é impossível de evitar devem tomar cuidados especiais como repousar mais e melhor e adquirir hábitos de relaxamento, …

Tratamento do lúpus

O objectivo do tratamento do Lúpus é a prevenção do “ataque” dos órgãos vitais e a manutenção da doença inactiva, de forma a possibilitar a melhor qualidade de vida para o doente.
O plano terapêutico inclui os fármacos, o exercício e o repouso adequados, a dieta e evitar a exposição à radiação ultravioleta e stress.
Os fármacos são necessários para a maioria dos doentes com Lupus e constituem ainda a forma mais eficaz de tratar as formas graves de Lupus. Estes podem mudar frequentemente segundo as fases da doença. Alterações aos tratamentos prescritos pelo médico (doses, horários ou fármacos) devem ser apenas efectuadas com o acordo do médico assistente. O não cumprimento desta recomendação pode agravar a doença e torna a avaliação da evolução da doença difícil.

Prevenir surto de lúpus

Existem algumas medidas que podem contribuir para a prevenção do surto do lúpus:
  • Fazer consultas de rotina (sobretudo em períodos de maior stress, durante a gravidez, abortamentos, cirurgias, …) para reavaliar os sintomas, os sinais observados pelo médico e as análises e exames entretanto realizados, no sentido de reajustar o tratamento sempre que necessário.
  • Evitar o stress.
  • Usar protectores solares e vestuário adequado para prevenir a exposição ao sol (que pode desencadear não só surtos na pele mas também surtos em outros órgãos como o rim, o pulmão, …) e evitar exposição a luz fluorescente, raios UV,…
  • Repousar adequadamente (sobretudo em períodos de maior stress).
  • Evitar fumar.
  • Evitar esforços físicos exagerados.
  • Tratar as infecções o mais precocemente possível.
  • Pedir sempre aconselhamento sobre qual o melhor anticonceptivo oral (“a pílula”) evitando os que têm estrogénios em altas doses e a terapêutica hormonal de substituição, usada frequentemente nas mulheres com menopausa.
No entanto, os surtos podem ocorrer apesar de todos os cuidados preventivos que se possam tomar, sem razão aparente.

Surto de Lúpus

Um surto é uma agudização da doença, que se manifesta pelo agravamento de sintomas pré-existentes ou pelo desenvolvimento de novos sintomas. O doente pode sentir cansaço, dores articulares, úlceras orais, manchas vermelhas na pele, dores no peito ao inspirar, inchaços nas mãos, pés ou face, …
Os surtos podem assumir formas muito variadas, indicam actividade da doença e geralmente necessitam de terapêutica específica (dependendo do tipo de surto), que geralmente é diferente ou em doses maiores das que o doente habitualmente faz.

Sintomas e sinais de Lúpus

Muito destes sintomas e sinais físicos ou laboratoriais são inespecíficos. Quer dizer que podem aparecer em muitas outras situações. Outros podem ser mais específicos.
São essencialmente:
  • Cansaço, perda de apetite (anorexia) e emagrecimento.
  • Manchas vermelhas/rosadas na pele da face (sobretudo nas bochechas e nariz, em forma de borboleta), pescoço ou braços.
  • Manchas vermelhas/rosadas, em forma de disco, na pele (que nessas zonas fica mais sobressaída) e que pode deixar cicatriz – lesão discóide. Perante estes problemas o médico pode necessitar de realizar uma biópsia cutânea (retirar uma pequeníssima parte da pele com um bisturi para observação ao microscópio).
  • Excessiva sensibilidade à luz solar – fotossensibilidade
  • Mudança de cor das extremidades (geralmente dos dedos das mãos ou pés) que se tornam brancas ou azuladas, desencadeada pelo frio e/ou emoções (fenómeno de Raynaud).
  • Perda de cabelo acentuada (alopecia), por exemplo, acordar com muitos cabelos na almofada
  • Úlceras (feridas) na boca ou nariz, às vezes pouco dolorosas 
  • Dores nas articulações (geralmente mais que duas e sobretudo nos dedos das mãos, punhos, joelhos, tornozelos ou anca) com predomínio matinal e, por vezes, acompanhadas de rigidez e/ou calor, vermelhidão, inchaço e dificuldade nos movimentos (artrite, isto é inflamação da articulação) geralmente sem deformações articulares.
  • Inflamação da pleura (revestimento dos pulmões) – pleurisia, que se manifesta por dor torácica que se agrava com a inspiração profunda e com a tosse e/ou derrame (existência de líquido) na pleura.
  • Inflamação do pericárdio (revestimento do coração) – pericardite, que se manifesta por dor torácica que alivia quando o doente se dobra para a frente e para baixo sobre os joelhos e/ou derrame no pericárdio.
  • Problemas de funcionamento do rim: existência de proteínas (albumina) na urina (onde normalmente não existem) - proteinúria, que é geralmente acompanhada de inchaço das mãos, face e pés - e/ou existência de fragmentos de células do sangue e/ou do rim na urina (que em situações normais não existem) – cilindros. Perante estes problemas o médico pode necessitar de realizar uma biópsia renal (retirar uma pequeníssima parte do rim com uma agulha para observação ao microscópio), para melhor decidir o tratamento mais adequado.
  • Convulsões (movimentos do tipo de epilepsia) e/ou depressões, psicoses,…
  • Cansaço, palpitações, palidez, … (por anemia)
  • Aumento da susceptibilidade e da frequência de infecções (por diminuição do nº de glóbulos brancos, …).
  • Hemorragias/ nódoas negras fáceis (por diminuição do nº de plaquetas). 
Embora todos estes possam existir no mesmo doente (tornando o diagnóstico mais fácil), noutros casos só alguns existem numa determinada fase e num mesmo doente.

Diagnóstico de Lúpus

O diagnóstico de Lúpus baseia-se em dados clínicos e laboratoriais. Os testes laboratoriais, só por si, não são suficientes para o diagnóstico. Ou seja, uma pessoa pode ter positiva a análise mais conhecida como associada ao LES (ANA – Anticorpo Antinuclear) e ser sempre saudável. No entanto, em conjunto com os sintomas referidos pelo doente e os sinais observados pelo médico, são muito úteis.
Nalguns casos o diagnóstico é difícil de obter porque, apesar de se suspeitar fortemente de Lúpus, os dados clínicos nesse momento não são suficientes para fazer um diagnóstico. Nestes casos, só o desenrolar da situação clínica é que nos confirmará a presença da doença. Por outro lado, o Lúpus tem formas de apresentação muito variadas, facto que também pode dificultar o diagnóstico.
Uma imagem que pode traduzir todas estas dificuldades é a de um puzzle: múltiplas peças vão mostrar uma determinada imagem mas tal só é compreendida conforme o número e o tipo de peças que nos vão entregando; às vezes é mais fácil chegar à compreensão da imagem, outras vezes mais difícil…e, se só nos derem poucas peças teremos que aguardar até que nos dêem o número mínimo de peças que nos permita ter ideia da imagem que esse puzzle representa.

Classificação das manifestações cutâneas especificas do lúpus

As manifestações cutâneas específicas do lúpus dividemse em duas classificações, uma clínica e outra histológica.

Lúpus eritematoso cutâneo agudo

As lesões cutâneas surgem durante a atividade sistêmica da doença. Uma associação de lesões é vista, sendo as mais comuns o rash malar, o eritema maculopapular, a fotossensibilidade, a alopecia, as aftas orais e as lesões vasculíticas.
As lesões do lúpus agudo apresentam-se clinicamente nas formas localizadas (eritema malar) e generalizadas (lesões disseminadas pelo corpo). Os achados imunopatológicos típicos das lesões agudas são de dermatite, sem significativa hiperceratose ou atrofia da epiderme.

Lúpus eritematoso cutâneo subagudo

Clinicamente as lesões são apresentadas como placas não infiltrativas que preferencialmente envolvem as áreas expostas do tronco e das extremidades superiores. São divididas em lesões do tipo anular e psoriasiforme. As lesões anulares têm menor acometimento da epiderme e têm distribuição mais centrípeta que centrífuga, como no caso das lesões psoriasiformes, que também se caracterizam pela significativa descamação.
As lesões subagudas correlacionam-se com a presença de anticorpos anti-Ro.
Exames histológicos revelam o envolvimento da derme e da epiderme. A variante anular não tem envolvimento de anexos, ao contrário das psoriasiformes.

Lúpus cutâneo crônico

As lesões crônicas clássicas são as lesões discóides. Caracterizam-se como placas recobertas por fino tecido descamativo, que se estende até o folículo piloso. As placas podem ser inicialmente hiperpigmentadas e em um processo evolutivo se despigmentarem e evoluírem para lesões cicatriciais mais profundas, que são, na maioria das vezes, permanentes. A histologia mostra infiltrado predominantemente linfocítico na junção derme-epiderme. Ao contrário das lesões agudas subagudas, o envolvimento de anexos e a atrofia da derme são achados freqüentes.
O lúpus tumidus é caracterizado por lesões tipo pápulas urticariformes, nódulos ou placas infiltrativas edemaciadas que atingem preferencialmente a cabeça, o pescoço e os braços.
Achados histológicos revelam infiltrado linfocítico perivascular e perianexial e presença característica de mucina.
O lúpus profundus é também denominado paniculite lúpica. Suas lesões são mais profundas e caracterizadas pela presença de nódulos e placas. Acometem superfícies expostas a traumas, como bochechas, ombros, coxas e mamas. A progressão das lesões pode resultar calcificação e ulcerações.
A presença de paniculite linfocítica é o achado histológico predominante.

Causas do lúpus

Não existe ainda uma causa conhecida para o Lúpus, excepto para as (raras) formas que são causadas pela ingestão de alguns fármacos específicos. As causas de Lúpus estão relacionadas com condições que dão origem a uma certa predisposição para uma pessoa ter a doença. Estas causas ou factores são de ordem genética, hormonal e ambiental, mas esta é uma questão ainda pouco esclarecida. Os factores precipitantes são situações que evidenciam (ou “tornam visível”) os sintomas de Lúpus, ou seja, fazem com que a doença se manifeste em sintomas e sinais evidentes como, por exemplo, stress físico, stress emocional, infecções, gravidez, luz solar, luz fluorescente, …

Periodo de remissão do lúpus

Um período de remissão é um período de inactividade da doença. Alguns casos podem tornar-se permanentemente inactivos, ou seja, em remissão total.
A remissão total é rara, mas a remissão parcial (período limitado) é frequente.
Quase todos os doentes entram em remissão nalgum momento da sua vida, sobretudo quando a doença está a ser bem tratada e se cumprem as medidas preventivas adequadas.
A duração dos períodos de remissão é variável (semanas, meses, anos).

Pessoas afetadas com lúpus

O sexo feminino é oito a dez vezes mais afectado (em relação ao sexo masculino), sobretudo em idades férteis. As idades mais frequentes para o início do Lúpus são entre os 18 e os 55 anos, mas esta doença pode iniciar-se em qualquer idade (crianças ou idosos).
Os familiares de doentes com doenças auto-imunes (Lúpus, Tiroidite, Artrite Reumatóide, Diabetes tipo 1, Síndrome de Sjögren, Síndrome Antifosfolípido, …) têm maior probabilidade ou risco de serem afectados por estas doenças, ou seja, existe uma predisposição familiar, mas o Lúpus não é considerada uma doença hereditária no sentido clássico do conceito. Explicitando melhor: em gémeos “verdadeiros” se um tem Lúpus Eritematoso Sistémico a probabilidade do outro também ter é de cerca de 40 %; nos outros gémeos a probabilidade é só de 2 %. Quanto à probabilidade do filho/a de uma mulher com Lúpus Eritematoso Sistémico também o ter é só de 2 %, enquanto nas outras mulheres é de 0,4 %.